À PROCURA DA PALAVRA
Por P. Vítor Gonçalves
DOMINGO III DA PÁSCOA Ano A (6-Abril-2008)
“Eles contaram o que tinha acontecido no caminho
e como O tinham reconhecido ao partir o pão.”
Por P. Vítor Gonçalves
DOMINGO III DA PÁSCOA Ano A (6-Abril-2008)
“Eles contaram o que tinha acontecido no caminho
e como O tinham reconhecido ao partir o pão.”
Lc 24, 35
Gestos que dão vida
Não é verdade que tudo aquilo que fazemos ou vemos outros fazer fica mais gravado em nós do que muitos discursos? Todo o educador conhece a importância da linguagem não verbal, dos gestos e posições do corpo, de ensinar fazendo com quem aprende, de semear gestos significativos. Não são as ideias ou teorias elaboradas que convencem ninguém mas sentir que é vida acontecida ou a acontecer em quem comunica. Não ficamos logo fartos de quem fala como 'Frei Tomás', de quem se repete: 'faz o que ele diz e não o que ele faz'? Entristece a sua ignorância da realidade, a sua distância de quem o escuta (por pouco tempo!), o seu legalismo de dizer coisas certas que nem ele próprio segue. Não quer caminhar connosco nem pôr as mãos na massa para fazermos juntos aquilo que diz saber como é, mas nunca fez!
Gestos que dão vida
Não é verdade que tudo aquilo que fazemos ou vemos outros fazer fica mais gravado em nós do que muitos discursos? Todo o educador conhece a importância da linguagem não verbal, dos gestos e posições do corpo, de ensinar fazendo com quem aprende, de semear gestos significativos. Não são as ideias ou teorias elaboradas que convencem ninguém mas sentir que é vida acontecida ou a acontecer em quem comunica. Não ficamos logo fartos de quem fala como 'Frei Tomás', de quem se repete: 'faz o que ele diz e não o que ele faz'? Entristece a sua ignorância da realidade, a sua distância de quem o escuta (por pouco tempo!), o seu legalismo de dizer coisas certas que nem ele próprio segue. Não quer caminhar connosco nem pôr as mãos na massa para fazermos juntos aquilo que diz saber como é, mas nunca fez!
Sinto-me a andar para a frente e para trás neste caminho de Emaús, despojando-me das ideias de poder e vitória, exultando com Jesus a fazer tudo novo. Sou o discípulo sem nome que acompanha Cleofas e revejo estas dúvidas que as muitas paixões, e cruzes, e mortes, deixam em mim e à minha volta. E volto as escutar as palavras do desconhecido como fogo a reavivar as brasas, porque não basta ouvir uma vez o que enche a vida de sentido. Sento-me como pobre de sonhos e projectos à mesa onde agora Ele me pôs a partir o pão, e vejo-me ali partido, aprendendo (devagarinho) a dar-me cada vez mais como Ele. Vou entendendo que este fazer é Deus a fazer-me (e a estes que se sentam comigo) alimento para quem tem fome d'Ele. Descubro que tudo o que é feito com amor leva sempre um pouco (ou muito) de quem o faz. E caminhamos, ainda que trémulos, na noite cheia de luz, para dar notícia deste encontro!
As palavras estão grávidas de gestos. Pronunciem-se discursos, escrevam-se leis, compilem-se doutrinas, condenem-se infractores, mas se todas essas palavras não servirem a humanidade para criar mais vida, mais verdade, mais justiça, e mais amor, o seu destino será o pó e o esquecimento. Jesus não vence destruindo quem se lhe opõe; vence pela abundância de amar. Não reclama poder temporal; oferece serviço de libertação. Não é meigo com a hipocrisia; convida à verdade. Não se gasta em palavras; aceita o gesto máximo do aniquilamento. E é da morte que nos ensina a ressuscitar! Ensinando-nos a morrer, no caminho e na mesa, porque é aí que as palavras geram vida!
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